Minimal Design

Lorem Ipsum is simply dummy text of the printing and typesetting industry. Lorem Ipsum has been the industry's standard dummy text ever since the 1500s, when an unknown printer took a galley of type and scrambled it ...

Easy to use theme’s admin panel

Lorem Ipsum is simply dummy text of the printing and typesetting industry. Lorem Ipsum has been the industry's standard dummy text ever since the 1500s, when an unknown printer took a galley of type and scrambled it ...

Featured posts

Lorem Ipsum is simply dummy text of the printing and typesetting industry. Lorem Ipsum has been the industry's standard dummy text ever since the 1500s, when an unknown printer took a galley of type and scrambled it ...

 
Matt Kramer é um dos meus wine-writers favoritos mundialmente falando. Tenho todos os seus livros e o acompanho mês a mês na revista americana Wine Spectator. Sua sagacidade e visão “terroirista” me inspiraram desde que comecei a estudar vinhos, em 1990. Abaixo traduzi a sua coluna sobre a vinícola Colomé, um dos mais fantásticos empreendimentos já realizados no Novo Mundo do vinho, pelo colecionador de arte (prefiro apresentá-lo assim do que simplesmente “milionário suíço”), Donald Hess.
Guilherme Corrêa

 'MESSAGE IN A BOTTLE

Matt Kramer, Wine Spectator, 31 oct., 2009

COLOMÉ, Argentina - Todo amante do vinho conhece a sensação: você degusta um vinho e exclama, “eu tenho que saber de onde este vinho vem”. É uma mensagem na garrafa que você sente que só pode ser respondida pessoalmente. Eu tive esta (rara) sensação após degustar um tinto argentino chamado Colomé Malbec Estate. Composto principalmente por Malbec (85%), com quantidades menores de Cabernet Sauvignon e Tannat, é um vinho cativante, um soco intenso de fruta, como que tingida por quinino, balizada por uma acidez proeminente e impregnada por uma inconfundível mineralidade. Foi um dos meus Vinhos do Ano no ano passado.
Ir à Colomé não é nenhum piquenique. Primeiramente, um vôo de duas horas de Buenos Aires a Salta no extremo noroeste do país. Depois, horas de viagem em estrada de terra e cascalho, esburacada.
É de certa forma um contraste, para dizer o mínimo, finalmente chegar no luxuoso hotel de nove quartos construído na propriedade da vinícola pelo dono da Colomé, Donald Hess, que a adquiriu em 2001.
Mas eu não estava lá para ver os belos quartos. Eram os vinhedos que importavam. O elemento mais óbvio é a altitude. “Nossos vinhedos começam a aproximadamente 1680 metros”, diz Randle Johnson, que passa a maior parte do ano como enólogo da Hess Colection em Mount Veeder no Napa Valley (EUA), mas que também supervisiona a enologia na Colomé, colaborando com o enólogo residente, Thibault Delmotte. “Os vinhedos vão depois até os 3.050 metros”.
Deixem-me colocar isto em perspectiva. Um vinhedo reconhecido com alto na Califórnia vai dos 460 aos 700 metros. Os vinhedos mais altos da Europa estão na Suíça, onde o da St. Jodern Kellerei chega até 1100 metros. A vinícola Gruet no alto deserto do Novo México (EUA) tem vinhedos a 1310 metros de altitude.
O que traz a altitude? Locais com grandes elevações criam vinhos com aromas mais intensos. Além disso, os solos de cobertura rala das altitudes podem estimular as notas minerais. A acidez também é maior, graças à queda acentuada de temperatura à noite, que preserva a acidez natural que poderia “cozer” no calor do dia.
Mas foi o mais novo vinhedo - o mais experimental, até mesmo estranho - que capturou a minha imaginação. Chamado de Altura Maxima, é algo como que tirado dos contos de Joseph Conrad, difícil de acreditar que é real.
Para chegar lá, dirige-se 32 quilômetros ao norte da Bodega Colomé e se adentra em uma vasta paisagem desértica de altitude, totalmente vazia, com céu amplo. Você é informado que tudo ao alcance da vista é propriedade de Donald Hess, uma extensão de aproximadamente 33 mil hectares pontuada com plantas gigantes de cactos de 200 anos de idade.
Praticamente grampeado em uma formidável vertente da montanha, próximo a um desfiladeiro que canaliza a rápida inundação das chuvas de verão argentinas (em janeiro), vislumbra-se o vinhedo de encosta Altura Maxima.
Composto por três terraços ascendentes, é um lugar tão austero e proibitivo que se espera encontrar um mosteiro cisterciense. O Altura Maxima faz com que outros vinhedos elevados que fazem o nariz sangrar pareçam, assim, moderados.
Dois reservatórios foram instalados, a água do maior - coletada durante as rápidas chuvas de verão - enche a do menor, gerando na passagem energia elétrica nas turbinas subterrâneas. A irrigação por gotejamento rega as plantas ainda não produtivas de Cabernet Sauvignon, Syrah, Chardonnay e Malbec.
Enquanto saltitávamos em uma caminhonete se esforçando para cima em direção ao vinhedo mais alto, eu me virei ao suíço Caspar Eugster, chefe de produção que, estranhamente, mora ali, e disse: “eu sei que esta pergunta vai soar como a mais estúpida de todas, mas você já considerou alguma vez a hipótese de plantar Pinot Noir aqui?” Ele sorri e aponta para frente: “este é o nosso vinhedo de Pinot Noir”. Lá, no ápice deste lugar, em solo (se é que podemos usar esta palavra) de rípio e grandes rochas, é não somente o vinhedo mais alto do mundo a mais de 3050 metros, mas também um local improvável para Pinot Noir. Preciso de dizer como me senti? Exaltado.
 Anos serão necessários antes de sabermos se os resultados valerão. Mas somente o sonho já nutre. Em um mundo do vinho cheio de cálculos, aqui é uma aposta na beleza como nenhuma outra.'

Colomé tem quatro vinhedos amplamente separados, totalizando mais de 400 hectares, todos cultivados biodinamicamente. Um deles ocupa a mesma altitude de 2255 metros do local da vinícola e do hotel, e ostenta os 4 hectares originais de Cabernet Sauvignon e Malbec importados da França em 1854. Um segundo vinhedo, denominado El Arenal, está a 2590 metros e enraizado num solo muito arenoso. O terceiro localiza-se a 113 quilômetros de estrada de terra de distância da outra vinícola na cidade de Cafayate, que está a 1680 metros.

Leave a Reply